“Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo”.
Reverendo Martin Luther King Jr.
A decisão de romper com a inércia, dissociar-se da estagnação e pôr-se em movimento em direção a algo não necessariamente requer uma identificação clara, precisa e discriminada de onde se quer chegar, o essencial é estar profundamente descontente com o que se é e com o que se tem. Em outras palavras: intenção ou mera disposição conduz à subida de alguns degraus, mas são passos vigorosamente firmados na irresignação que levam ao topo. Como bem destaca Anthony Robbins: “Ninguém jamais alcançou um objetivo por estar interessado em sua realização. É preciso estar empenhado. Ao estudar a fonte do sucesso das pessoas, descobri que a persistência prevalece até sobre o talento […]”[1]. Aliás, Napoleon Hill, em sua primorosa e influente obra Quem Pensa Enriquece pontifica que:
[…] querer não traz riqueza. Desejar riqueza com um estado mental que se torna obsessão, depois de planejar meios definidos para alcançar a riqueza e respaldar esses planos com persistência, uma persistência que não reconhece fracasso — é isso que vai trazer riqueza[2]. (grifo nosso)
Vale esclarecer que “planejar meios definidos” não quer dizer formular estratégias certeiras ou criar métodos eficazes. Se assim fosse o ato de persistir (não desistir com facilidade, conservar-se firme, prosseguir) não seria tão exaltado pelos referidos autores. Plano significa esboço, delineamento provisório, conjunto de ideias iniciais. Indica, em linguagem figurada, simplicidade (facilidade, clareza), contrapondo-se ao que se entende por sofisticação, refinamento, apuro.
Nas palavras de T. Harv Eker[3] é “Preparar, fogo, apontar!”, ou seja: “Prepare-se o melhor que puder no menor tempo possível, aja e corrija-se no caminho”. O empresário, palestrante motivacional e escritor do best-seller Os Segredos da Mente Milionária adverte, ainda, para a seguinte constatação: “As pessoas ricas saem em campo acreditando que, uma vez dentro do jogo, podem tomar decisões inteligentes, no momento presente, fazer correções de rumo e ajustar as velas durante o percurso”.
Nesse mesmo pensar Robbins ressalta que todas as realizações humanas advêm de um processo de tentativa e erro — “aprendemos com nossos erros, outras vezes com os erros dos outros” — e assevera:
Os supersucessos de nossa cultura não são pessoas que não falham, mas simplesmente pessoas que sabem que se tentarem alguma coisa e não obtiverem o resultado desejado, pelo menos terão tido uma experiência de aprendizado. Elas usam o que aprenderam e tentam alguma outra coisa. Tomam algumas novas medidas e produzem alguns novos resultados[4]. (grifo nosso)
Importante frisar que para a elaboração de um plano é absolutamente indispensável ter em mente o seguinte preceito: “Dê a cada pessoa mais em valor de uso do que você recebe em dinheiro”[5]; “[…] se está vendendo a alguém algo que não acrescenta nada mais à vida dessa pessoa do que aquilo que ela lhe dá em troca, deve deixar de agir assim”[6]. (grifo nosso)
Com efeito, a noção de simetria, de correlação ou de equivalência entre prestação e contraprestação deve ser abandonada para dar lugar ao firme e obstinado propósito de fazer mais, contribuir mais, de modo que em cada empreendimento ou negócio realizado uma necessidade complementar seja satisfeita, um benefício adicional e inesperado seja proporcionado, pois quando isso acontece “as pessoas são motivadas a compartilhar suas experiências com outros e a encorajar seus amigos e familiares a tornarem-se clientes”[7]. Em suma, exceder expectativas deflagra a chamada propaganda boca a boca, a forma mais eficiente, confiável, rápida e menos dispendiosa de estabelecer e/ou fortalecer uma marca, um produto ou um serviço.
Não existem atalhos, só é possível prosperar por méritos próprios e de maneira ética e sustentável por meio da expansão de conhecimento, de habilidades e da capacidade de dar mais. Esse modo de agir deve ser colocado em prática por todas as pessoas que almejam avançar na vida, indistintamente, inclusive pelo trabalhador assalariado. A esse respeito, sublinha Wallace Wattles: “Faça todo o trabalho possível, todos os dias, e faça de modo perfeito e bem-sucedido. Aplique o poder do sucesso e o propósito de enriquecimento em tudo o que você faz”[8]. (grifo nosso)
Relacionado entre os cinquenta principais intelectuais de negócios do mundo pela Harvard Business Press, Tony Robbins se posiciona de forma categórica a esse respeito:
Se você quer ganhar mais dinheiro onde está hoje, um dos meios mais simples é perguntar a si mesmo: “Como posso valer mais para a empresa? Como posso ajudá-la a fazer mais, em menos tempo? Como posso lhe acrescentar um tremendo valor? Há alguns meios pelos quais eu poderia ajudar a reduzir custos e aumentar qualidade? Que novo sistema eu poderia desenvolver? Que nova tecnologia eu poderia usar para que a empresa produza seus produtos e serviçoes com mais eficiência?[9].
É bom que se diga que a decisão de deixar de ser pobre, deixar de ser obeso ou deixar de ser subvalorizado não implica em focalizar aquilo que não se quer (escassez, excesso de peso, fracasso), mas sim, em extirpar, eliminar, arrancar qualquer resultado que não seja o triunfo sobre as insatisfações, limitações e dificuldades responsáveis por impelir a tomada de ações transformacionais. O vocábulo decisão provém do latim decidere, sendo formado por de (fora) e caedere (cortar), de modo que literalmente significa corta fora, “eliminar todas as outras alternativas”[10].
De qualquer forma, é fato que nenhum proveito se colhe quando os pensamentos estão voltados para o obstáculo, para o problema e, não, para o propósito. Concentrar-se na adverdsidade desencadeia uma afluência de sentimentos impetuosamente paralisantes (angústia, ansiedade, irritabilidade, desânimo, e.g.) e a inércia, por sua vez, fará com que a situação indesejável permaneça ou até mesmo se agrave.
Eis o chamado processo de manifestação, operação por meio da qual criamos a nossa realidade e que é representada pelo acrônimo P S A R: pensamentos conduzem a sentimentos; sentimentos conduzem a ações; ações conduzem a resultados.
Michael J. Losier[11], um dos maiores estudiosos da Lei da Atração, ensina-nos que a identificação precisa daquilo que não desejamos é extremamente útil para obter maior clareza em relação às nossas aspirações. Recomenda o psicólogo e programador neurolinguista canadense que ao detectarmos a “oposição” (qualquer coisa que não gostamos e que nos submete a um estado emocional árido e negativo) perguntemos a nós mesmos: “Então, o que eu realmente quero?”
Ao nos autoindagarmos acerca do que ansiamos damos azo ao surgimento de ideias e pensamentos correspondentes a essas ambições e, quanto mais a interrogação for refeita, mais a imagem mental que provém da vontade consciente ganhará forma, nitidez e vivacidade, tornando insignificantes, quiçá até risíveis, as reflexões que antes propiciavam angústia e inquietação.
Como já salientado por Henry Ford[12]: “Pensar é o trabalho mais difícil que existe, e esta é provavelmente a razão por que tão poucos se dedicam a ele”. A visão resplandecente do desejo deflui de um reiterado empenho para a sua construção.
[1] Anthony Robbins. Desperte seu gigante interior – como assumir o controle de tudo em sua vida. 26.ª ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2015, p. 348.
[2] Napoleon Hill. Quem pensa enriquece – o legado. 4.ª ed. Porto Alegre: CDG, 2019, p. 47-48.
[3] T. Harv Eker. Os segredos da mente milionária. Rio de Janeiro: Sextante, 2006, p. 80 e 82.
[4] Anthony Robbins. Poder sem limites – o caminho do sucesso pessoal pela programação neuroliguística. 20.ª ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2015, p. 78-79.
[5] Wallace D. Wattles. A ciência de ficar rico. 11.ª ed. Rio de Janeiro: BestSelles, 2016, p. 40.
[6] Idem, ibidem.
[7] João Marques Teixeira e José Mauro da Costa Hernandez. Valores de compra hedônico e utilitário: os antecedentes e as relações com os resultados do varejo. REAd – Revista Eletrônica de Administração (v. 18, 71.ª ed., n.º 1, p. 130-160, jan./abr. 2012, Porto Alegre). Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-23112012000100005>. Acesso em: 08 de ago. 2021.
[8] Wallace D. Wattles, ob. cit., p. 95.
[9] Anthony Robbins. Desperte seu gigante interior – como assumir o controle de tudo em sua vida. 26.ª ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2015, p. 564.
[10] T. Harv Eker, ob. cit., p. 69.
[11] Michael J. Losier. A lei da atração – O Segredo, de Rhonda Byrne, colocado em prática. Rio de Janeiro:LeYa, 2017, p. 67-68.
[12] Henry Ford é “fundador da indústria automobilística Ford, começou sem dinheiro e com pouca instrução formal, mas se tornou um dos mais bem-sucedidos empresários autodidatas da história americana” in Napoleon Hill. Quem pensa enriquece – o legado. 4.ª ed. Porto Alegre: CDG, 2019, p. 16.